Acordamos com uma companheira de quarto fazendo alongamentos no meio do quarto. Acho que ela ia sair para correr ou algum outro exercício e, por causa do calor infernal da rua, aproveitou o ar condicionado do quarto para se alongar antes de sair. O pessoal do quarto era bem legal, um casal de holandeses, um francês e um casal de espanholas (uma delas a guria do alongamento).
Para o café da manhã, compramos uns pães muito bons e feitos na hora numa padaria que havia na frente do hostel que tinha um cheiro muito bom, embora com um atendimento bem precário.
Já com um calor grotesco, fomos então em busca do nosso primeiro café colombiano, um momento que estávamos bastante ansiosos para experimentar.
Para quem não sabe, a Colômbia é o segundo maior produtor de café do mundo (só perde para o Brasil), e um dos melhores. No oeste do país fica a região cafeeira, muito procurada por turistas que fazem a chamada "rota do café", visitando fazendas de café pelo caminho (parecido com a rota dos vinhos no Rio Grande do Sul).
Na minha opinião, até agora os melhores cafés que já experimentei na vida foram os da Colômbia.
E fomos atrás do mais popular do país, o "Café Juan Valdez", uma versão Starbucks colombiana (e na Colômbia não existe Starbucks) só que com preços que não são absurdos de tão caros. Uma grande franquia com muitas lojas espalhadas pelo país (duas somente dentro da cidade murada). Tomei um Mocaccino e a Juju pediu um café irlandês com whisky e ambos eram sensacionais! Viramos fãs na hora e sempre que passávamos por um Juan Valdez começamos a parar para tomar um café.
O resto da manhã aproveitamos para desbravar mais um pouco a cidade murada, conhecendo mais igrejas e praças históricas. Aproveitamos também pra conhecer o famoso Hard Rock Café de Cartagena (entramos mais para aproveitar o ar condicionado mesmo, hehehe) que é bem pequeno e não tem nada demais, só a exposição de umas roupas originais da Shakira que ela usou em videoclipes.
Mais lugares belíssimos e históricos dentro da cidade murada
Ao lado da igreja central (que estava passando por reformas na época), tem uma grande feira onde vende-se artesanatos e souvenires turísticos. Aqui é com certeza o lugar mais barato para comprar lembrancinhas. Aproveitamos para comprar algumas e comprei também a camisa da seleção da Colômbia por 18.000 pesos (18 reais), naquele esquema que já estávamos calejados da nossa última viagem para a Ásia, ter que pechinchar para tudo.
Depois do almoço, fomos até o muelle de la bodeguita comprar nossa passagem de barco para no outro dia visitarmos a Playa Blanca. Playa Blanca é uma das praias mais famosas de Cartagena, que fica na Ilha Barú (apesar de tu olhar no mapa e não conseguir perceber que é uma ilha e não parte do continente). Na ilha Barú, que fica na margem oeste da cidade, existem diversas praias, a maioria privadas, com resorts, naquele esquema que você tem que pagar a entrada no resort para poder usufruir da praia. Playa Blanca é uma das únicas praias públicas e dizem ser uma das que possui a água mais cristalina e a areia mais branca (daí o nome) delas, só que nos últimos anos a infestação de turistas tem tornado ela uma das praias mais mal-faladas da Colômbia, com muita sujeira e muitos vendedores enchendo o saco. Se antes os blogs de viagem davam ela como ponto turístico imperdível para se visitar em Cartagena, hoje ela está na lista dos "lugares para evitar". Para chegar lá, ou se pega um ônibus e mais um táxi para chegar pelo único acesso por terra que é pela ponte Barú, mais de uma hora da cidade murada (gastando-se menos de 10.000 pesos), ou se vai de barco em 40 minutos (mais caro é claro). O transporte de barco, independente se tu comprar só a passagem no porto ou se fechar com uma das milhares de agências de turismo que se encontra em Cartagena, é o mesmo passeio (vai todo mundo junto inclusive), com direito a primeiro visitar as ilhas Rosário, arquipélago formado por diversas ilhas que fica ao lado das ilhas Barú e depois Playa Blanca, com direito a almoço. Como queríamos conhecer também as ilhas Rosario, optamos por comprar o transporte de barco (também pelo almoço incluído, ehehe).
Em frente à torre do relógio ficam milhares de vendedores de agências oferecendo esse e outros passeios turísticos disponíveis em Cartagena, mas havíamos lido que seria mais barato ir direto no píer do muelle de la bodeguita, comprar o bilhete direto na bilheteria, e foi para lá que nós fomos. O muelle de la bodeguita fica do lado/em frente ao muelle de los pegasus, outro cartão postal muito bonito de Cartagena.
O muelle de los pegasus, fica bem em frente à torre do relógio, do lado de fora das muralhas e tem esse nome pois possui duas estátuas de Pégaso muito bonitas em frente à entrada dos barcos. A origem das esculturas não é muito clara, mas a teoria mais verossímil é de que, antes de construírem um aeroporto em Cartagena, ali naquele píer é onde atracavam os aviões hidroplanadores da marca pegasus, daí a inspiração.
Vista do portão de entrada da cidade murada e bem em frente, o muelle de los pegasus
No caminho não conseguimos desviar de todos os vendedores de passeios e teve um que no fim nos acompanhou até a bilheteria. Pensei que iria querer cobrar alguma comissão ou dar algum golpe, mas não, pagamos direto para a atendente do caixa só o preço tabelado do píer e ainda conseguimos um desconto por comprar dois: de 70.000 pesos por pessoa acabou ficando 100.000 para os dois (uhu!). Com os bilhetes comprados, queríamos seguir para Bocagrande tomar um banho de mar para nos refrescarmos. Como o vendedor que nos acompanhou não se mostrou um achacador de turistas, resolvemos perguntar para ele que ônibus que podíamos pegar dali para chegar em Bocagrande e, ficamos surpresos novamente de ele não tentar nos enfiar num táxi e pedir gorjeta ou tentar vender algum passeio pra lá ou algo assim, ou então viu nossa cara de muquirana hehehe. Ele foi bem sincero e disse: "não precisa de ônibus nenhum! Dá pra ir a pé bem fácil! É menos de 2 km." Agradecemos então e, mesmo com o calor escaldante, resolvemos ir a pé. Costeando toda a orla norte de Cartagena.
No meio do caminho paramos para entrar num shopping e aproveitar o ar condicionado. O shopping possuía um sacadão com uma bonita vista e, àquela altura da orla, já dava pra observar o mar mudando de cor e ficando mais com cara de mar do caribe.
À medida que você vai chegando mais perto da praia de Bocagrande, o assédio de vendedores e gente oferecendo tudo que é tipo de coisa vai aumentando de forma insuportável, com destaque para as mulheres oferecendo massagem. Início da tarde então, com poucos turistas por ali além de nós dois, vinham 2, 3 de uma vez nos incomodar de forma insistente. Paramos num quiosque na beira do mar, um pouco antes de chegar na praia propriamente dita para tomar uma cerveja e ver se os vendedores paravam de pentelhar mas não adiantou muito. Nisso tomamos um golpe duma mulher oferecendo massagens: ela chegou, passou um creme de canfora ou algo do tipo nas mãos e começou a massagear minhas costas, disse que era só uma amostra grátis pra divulgar a massagem dela e ficou ali fingindo que me massageava enquanto tomávamos nossa cervejinha. Uns minutos depois então ela parou e disse que aquele tinha sido a massagem completa dela e que custava 50.000 pesos. Puto da cara, peguei a primeira nota que tinha no bolso, de 30.000 pesos e dei pra ela e ainda xinguei já que ela falou que era de graça e eu não tinha pedido nada (o certo seria não pagar nada mesmo né). Depois disso ainda veio mais umas duas oferecerem massagem mas aí já não deixava chegar nem perto, até que a Juliana gritou com uma: "estoy cansada de ser molestada!!" e aí afugentou de vez as aproveitadoras e finalmente conseguimos tomar nossa cerveja em paz.
Tomando umas Aguilas na beira da praia (tentando pelo menos)
Ainda não tínhamos almoçado, então fomos procurar algum restaurante. Sabendo que Bocagrande é um bairro mais elitizado, fomos procurar nas ruas "de dentro", longe da beira da praia, algum lugar mais barato, embora Bocagrande fique numa península estreita onde 3 quadras para dentro tu já chega na praia de dentro, a parte onde fica a "boca" propriamente dita (por isso o nome), que não possui faixa de areia, mas um calçadão bem bonito com vista para o continente. Achamos um restaurante/lancheria com um preço razoável (pra brasileiros), 14.000 pesos o almoço com sopa, refresco e de prato principal galinha caipira (bem bom).
Outro motivo que queríamos visitar o bairro de Bocagrande é porque lá havia uma acadêmia de Crossfit e a Juju, que é educadora física, queria conhecer e de repente fazer uma aula experimental, já que naquela época ainda não existiam academias desse tipo no Brasil, pelo menos não em Porto Alegre (hoje existe as pencas e inclusive virou "modinha"). Depois do almoço então, rumamos para a acadêmia Crossfit 644 (que hoje já não existe mais).
A Juju então pagou os 30.000 pesos para fazer uma aula experimental e curtiu bastante. Eu, já cansado de caminhar e naquele calor insuportável, não quis encarar, fiquei só observando e tirando fotos hehehe.
Juju suando as tripas no Crossfit
Depois que a Juju acabou sua ginástica, fomos então finalmente conhecer a praia de Bocagrande, e fechar a tarde com um merecido primeiro banho de mar no Caribe. Acontece que a praia de Bocagrande, talvez pela urbanização desenfreada, não é lá essas coisas. A areia e o mar um pouco "lamacentos" são pouco convidativos. O que mais te convida a mergulhar mesmo são os vendedores enchendo o saco, já que dentro do água eles não conseguem vir te oferecer pulseirinhas, comidas, passeios, massagens e o escambau, hehehe.
Louco para tomar um banho de mar para se refrescar do calor do dia inteiro tomando sol na cuca, me deu uma agonia quando mergulhei e vi que a água na praia de Bocagrande é tão quente quanto fora dela. Uma decepção.
Praia de Bocagrande
Ficamos mais um tempinho na areia para curtir o por-do-sol no mar, o que não deu muito certo visto que muitas nuvens tinham aparecido, e depois fomos voltando devagarinho pela costa rumo à cidade murada, já com os prédios altos da orla se iluminando e formando um espetáculo bem bonito.
À noite, depois de mais um banho quente no hostel, fomos passear pela cidade murada observar o movimento.
Noite dentro da cidade murada
Aproveitamos para visitar o bar todo com motivos soviéticos que havíamos visto no dia anterior durante o dia. Esse bar conta com peças originais oriundas da antiga União Soviética, coisa de museu mesmo.
Bar "soviético" de Cartagena
Possui também um menu muito legal, impresso numas garrafas de vodca antigas, e deixam você tirar fotos com alguns (só alguns) chapéus e roupas soviéticas.
Menu muito legal, em garrafas antigas
O preço que não é muito "socialista", então tomamos só duas cervejas e já seguimos nosso passeio.
Depois de mais umas voltas e uma passada no supermercado aquele pra comprar umas cervejas à 1 real, fechamos a noite comendo um cachorro quente bem em frente à Torre do Relógio que, apesar da salsicha com um gosto bom, nem de longe é comparável com os cachorros-quentes brasileiros, com milho, batata-palha, queijo ralado e tudo o mais que se tem direito.
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